Espécie de 233 milhões de anos e com 2,5 metros de comprimento: o que se sabe sobre fóssil achado no interior do RS
17/07/2024
Animal pertence ao grupo dos herrerasauros, um dos animais mais antigos do mundo. Fóssil foi encontrado em São João do Polêsine após enchentes de maio. Animal foi descoberto em rocha após o erosão do solo, acelerado pelas chuvas de maio
Janaína Brand Dillmann
Um animal cujo fóssil foi encontrado no interior do Rio Grande do Sul após as chuvas de maio foi um parente distante das aves, que media cerca de 2,5 metros e viveu há 223 milhões de anos.
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O fóssil será estudado para determinar a espécie, de acordo com os paleontólogos do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Pelas características dos ossos, a equipe chegou a conclusão de que o dinossauro pertence ao grupo dos herrerosauros, cujo nome científico é Herrerasauridae.
"Pelo que se pode observar, o espécime representa o segundo herrerassaurídeo mais completo do mundo já descoberto", explica o paleontólogo que liderou as pesquisas, Rodrigo Temp Müller.
Os animais desse grupo não deixaram descendentes, mas podem ter relação com as aves. "Os parentes vivos mais próximos dos herreras são as aves", explica Müller.
Fóssil foi encontrado após chuvas
O fóssil de dinossauro estava parcialmente exposto em um sítio fossilífero no interior de São João do Polêsine, na Região Central do Rio Grande do Sul, localizado em maio, após as chuvas que provocaram as enchentes no estado.
Os pesquisadores afirmam que o espécime tem cerca de 233 milhões de anos, sendo um dos dinossauros mais antigos do mundo.
"Vão ser justamente esses fósseis que ajudarão a gente a entender a origem dos dinossauros. E esse aí é um deles, ele vai ajudar, certamente, a gente a entender um pouco mais sobre esse momento, porque ele está entre os dinossauros mais antigos do mundo", afirma o paleontólogo Rodrigo Temp Müller, que liderou as buscas.
As escavações duraram quatro dias e ocorreram no final de maio. Após extraírem a rocha com o fóssil, os pesquisadores tiveram a dimensão de que se tratava de um dinossauro quase completo, com cerca de 2,5 metros de comprimento (veja abaixo cada etapa do trabalho).
Fóssil de dinossauro é encontrado no RS após ação das chuvas na enchente
A região onde foi encontrado o fóssil está associada ao período Triássico, que é o primeiro da Era Mesozoica. No início desse período, o ecossistema se recuperava de uma extinção massiva e remonta à origem dos primeiros dinossauros.
Após terminarem o trabalho no laboratório, os pesquisadores vão investigar se o espécime encontrado já é conhecido ou se um novo dinossauro foi descoberto. Essa etapa deve ser finalizada ainda este ano.
Além do esqueleto fossilizado quase completo, os paleontólogos também encontraram fósseis de animais anteriores aos mamíferos, mais fragmentados, em outros municípios da região, como Faxinal do Soturno, Agudo, Dona Francisca e Paraíso do Sul.
Impacto das chuvas na paleontologia
Apesar de as chuvas revelarem novos fósseis, elas também potencializam a destruição dos achados por conta da ação da água, do vento e do sol. Com isso, os materiais menores são os mais afetados, podendo ser revelados e destruídos em um mesmo período de chuvas.
A equipe revela que tem monitorado os sítios paleontológicos, após as enchentes de maio, em busca de fragmentos expostos. Veja abaixo as etapas desse processo:
Fóssil é encontrado;
Paleontólogos iniciam o trabalho de coleta (escavação que busca extrair um pedaço de rocha com todo o fóssil);
Material fóssil é transportado para laboratório;
Fóssil passa pelo trabalho de extração da rocha (com marteletes, bisturis e aplicação de resinas para garantir a resistência da peça).
Paleontólogos escavam fóssil na Região Central do estado
Divulgação/Cappa - Rodrigo Temp Müller
Fóssil passa por trabalho de paleontólogos após enchente no RS
Divulgação/Cappa - Rodrigo Temp Müller
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